Fico admirado com a impressionante capacidade que
possuímos de nos depararmos com a lógica humana que reclama pra si o tempo
inteiro o direito de que as coisas sejam sempre perfeitas, exatas, sem erros e
violações. Somos naturalmente inclinados a agir segundo os ditames da razão, e
isso é um dado da nossa condição humana, que evidencia a Bondade de Deus ao
fertilizar o terreno da nossa frágil humanidade com o dom da Razão.
Quando se trata da razão, fico particularmente
fascinado com o universo da Matemática. Nele tudo se revela tão exato. Os
cálculos, as fórmulas, as equações são sempre caminhos que levam à exatidão de
uma resposta, ao desvelamento de uma incógnita. Hoje a partir deste rico
universo quero lhes partilhar irmãos sobre o Amor de Deus, porque parece que
Ele possui um Coração Matemático. Ele de um jeito amoroso costuma sempre agir
matematicamente em nossa vida, história e vocação... Já me explico!
Certa vez, Jesus querendo traduzir em linguagem
humana a Matemática do Amor, nos contou que um agricultor contratou operários
para a sua vinha. Realizou aquele contrato com cada um em horários diferentes.
Estamos agora diante do cenário da Parábola dos Operários da Vinha. “Ao
cair da tarde, aquele vinhateiro disse ao seu feitor: Chama os operários e
paga-lhes começando pelos últimos contratados até os primeiros” (Mt 20,
8). Assim feito, os últimos receberam uma moeda, e os primeiros que julgavam
receber mais, receberam a mesma quantia que os últimos.
Bem, a história se segue, e os primeiros operários
reclamam pra si o mínimo de bom senso por parte do Patrão, dizendo-lhe: “Os
últimos só trabalharam uma hora, e deste-lhes tanto como a nós que suportamos o
peso do dia e do calor...” Ao que parece se apresenta injusta e
desconcertante aquele pagamento do patrão. Podemos até achá-la desconcertante,
contudo, não injusta. Desconcerta-nos porque ainda não entendemos que na
Matemática de Deus a regra sempre usada é a do Amor com TODOS, e não da justiça
com ALGUNS. O Coração de Deus está para a Misericórdia. É bem verdade que
caminha pela justa razão, entretanto, não para aí. Vai mais além. Jamais
conseguiremos explicar racionalmente a grandeza deste Coração Amoroso que
sempre vai ao encontro de todos. É ai que entendemos o que Blaise Pascal, nosso
amigo filósofo francês, quis dizer ao afirmar que “o coração tem razões
que a própria Razão desconhece”. De fato, o coração de Deus tem
a sua Sabedoria, tem a sua Matemática, as suas razões.
Não sem razão é que em Deus, “os últimos são
os primeiros, e os primeiros se tornam os últimos” (Mt 20, 16).
Infelizmente o nosso coração ainda não bate no compasso dessa lógica, porque
pouco entendemos dessa Regra. Certamente deve ser por isso que desde tão cedo
rezamos entre nós: “Coração de Jesus, fazei o nosso Coração semelhante ao
Vosso”. Sem saber, estamos pedindo a Ele a graça de finalmente
aprendermos a calcular nossas relações, nossa missão, o sentido da nossa
existência a partir da beleza escondida na Matemática do Seu Coração! Que
sejamos bons alunos dessa escola, todo dia é tempo de aprender um pouco mais!
Deus abençoe!
Seu irmão,
Grato,
Jerônimo Lauricio.
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