terça-feira, 18 de setembro de 2012

O AMOR É O CUMPRIMENTO PERFEITO DA LEI




Jesus não poderia modificar aquilo que já existia na antiguidade, não poderia passar por cima da lei dos homens. O primeiro passo para ser respeitado e visto de fato como “O Messias”, o enviado por Deus e ligado diretamente a Ele, seria respeitar as leis dos homens. Infelizmente ai se encontra o grande erro do povo da época. Pois, o Messias esperado era imaginado como um revolucionário, anarquista, que viria para acabar com as leis e conceder a liberdade a todos àqueles que se encontravam escravizados. Não! Cristo supera as expectativas, mesmo diante da incompreensão da sociedade da época. A lei do amor é a lei máxima, a “lei áurea” do Cristianismo, e tem como objetivo libertar os homens. No entanto, ao que muitos não conseguem perceber existem sementes dela na lei dos homens! Mas como isso é possível?! Como algo que é perfeito como a lei do amor, pode ter ligação com a imperfeita lei dos homens?

Quando se fala em lei do amor, ou mandamento do amor, estamos abrangendo todos os sentimentos existentes. Logo, o respeito, entre tantas outras forma se tornam “o cumprimento perfeito da lei” (Rm 13,9-10). Ou ainda, ao respeitar as leis e andar em conformidade com elas, eu permaneço dentro do respeito e do amor à sociedade, sendo assim, existem “germes” de amor em minhas atitudes. É por isso que Jesus respeitou a lei, porque ele entendia a lei do amor como lei universal, entretanto, sabia que se não respeitasse a lei dos homens, o seu mandamento universal seria incoerente.

Quer dizer então que Jesus era submisso às leis dos homens? Não! Jesus era um entendedor de tais leis, mas sabia que a verdadeira lei, o amor, só existiria se houvesse uma harmonia entre as elas. Mas e no caso de não cumprir a lei no momento em que ele cura um doente no dia de sábado, ou na ocasião em que seus discípulos trabalham colhendo espigas de milho para comer também em dia de sábado, ou ainda podemos citar nas vezes em que seus discípulos não lavam as mãos antes de comer, isso era não descumprir as leis?

Jesus entendia o que era prioridade quando o assunto era cumprir leis, e o ser humano sempre foi uma delas. No caso da cura no dia de sábado, ele vai ao encontro do enfermo e o tira de sua condição porque sabe que não há nada maior e acima da lei do que a ajuda ao necessitado ou àquele que precisa de socorro. Sendo assim, não é errado dizer que amparar o desprovido ou proporcionar um encontro dele com Deus, é estar em concordância com a lei do amor e também com a lei dos homens, que mesmo com uma conotação farisaica previa o bem estar da sociedade. Da mesma forma com os outros casos. A lei dos homens deixa de ser prioridade quando alguém necessita da salvação ou de se reencontrar-se. 

Abraço Fraterno
Gabriel Calvi

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A PROCURA DA FELICIDADE



Dias atrás navegando pela internet me deparo com a seguinte frase: “Que a felicidade vire rotina!”. Fiquei pensando o que o autor de tal frase estava tentando expressar, mas não consegui chegar a outra conclusão do que a certeza de que a felicidade  NUNCA pode ser uma monotonia. As pessoas procuram, almejam, anseiam em ser felizes e em permanecerem assim, no entanto, a felicidade é mais do que um simples sentimento, ela é um bem supremo, é um princípio regente vital! Logo, existe nela inestimável tesouro de caráter sagrado que todos nós buscamos durante nossa peregrinação terrestre e que diversas vezes a vida faz parecer tão distante e inacessível.

Sim! A felicidade é um tesouro, novamente repito; Não pode ser monotonia, pois como bem sabemos tudo o que é monótono e de fácil acesso acaba perdendo sua importância com o tempo. E é exatamente esse esforço que realizamos na procura da felicidade que a torna tão agradável e saborosa quando a conquistamos! Quando este sentimento chega após um período de sofrimentos, tempestades e até mesmo de dor,  temos a oportunidade de olhar pra trás e perceber que aquilo que ofuscava a conquista da felicidade fez todo sentido e proporcionou o verdadeiro valor que agora sentimos depois que a conquistamos!

Necessitamos estar em alerta, pois os meios para se alcançar a felicidade são diversos, no entanto, a felicidade verdadeira possui sempre caminhos estreitos repletos de obstáculos e dificuldades. Contudo, em meio a esses caminhos existem atalhos, diga-se de passagem, perigosos e mascarados com um sentimento contrário ao da felicidade, diria mais, os atalhos da vida apresentam uma felicidade falsa, efêmera que não proporciona o mesmo efeito que a felicidade original.

Ainda poderíamos dizer que a felicidade não é parasita, ou melhor, não é dependente de ninguém, se existe alguém responsável pela construção da minha felicidade, este alguém sou eu mesmo! Somos nós que gestamos este sentimento! Quem procura no outro um motivo para ser feliz, está fazendo errado! Eu só tenho a possibilidade de ser feliz a partir do momento que me valorizo e acredito nas minhas potencialidades! Eu posso sim ser feliz com os outros, posso partilhar a felicidade, todavia, o sentimento nasce por primeiro em meu interior! Pessoas que dependem estritamente dos outros para serem felizes são semelhantes a parasitas, nunca sentirão o verdadeiro sentimento, o máximo que conseguirão são pequenas “amostras” do que é ser feliz.

Então como posso ser feliz? Construindo meus objetivos, traçando metas e considerando todos os obstáculos possíveis para a construção de uma felicidade autêntica! Vale salientar que este sentimento só é verdadeiro quando nasce da espontaneidade e da gratuidade! Somos todos construtores deste princípio e nossa meta é jamais esmorecer na procura pela FELICIDADE! 

Abraço Fraterno 
Gabriel Calvi

Vídeo / Voltei - Amor e Adoração

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

MOLDA-ME



“O objeto que ele estava a modelar deformou-se, mas ele aproveitou o barro e fez outro objeto, conforme lhe pareceu melhor.” (Jr 18,4)


Algum tempo se passou desde a última postagem, e neste meio tempo muita coisa aconteceu. Hoje, cinquenta dias depois essa foi a palavra escolhida por Deus para nós – e em especial para todos aqueles sem esperança, ou que não encontram motivos para continuar caminhando. Encontramos no Oleiro a resposta para muitas perguntas, arrisco em dizer que encontramos n’Ele todas as respostas.
O trabalho do Oleiro é extremamente simples. Contudo, minucioso e valioso para os olhos mais atentos e aguçados! Isso porque o oleiro tem como meta formar um vaso perfeito e de ótima categoria. Para isso a qualidade do barro influencia, e muito, na fabricação dessa peça tão comum, mas que pode ter tantos destinos. Então o artesão vai, seleciona o barro, retira as impurezas e com todos os processos executados, começa dar forma naquilo que em seu coração foi idealizado.

“Como barro nas mãos do oleiro, assim estais vós nas minhas mãos” (Jr 18,6b)

Nós somos esse barro! E chegamos até as mãos de Deus repletos de impurezas e inaptos para a fabricação de qualquer objeto. Entretanto, o Senhor não desiste de nós. Ele é um BOM Oleiro e vê em nós, no barro imperfeito e impuro, a possibilidade de sair uma grande obra de arte! Para isso é preciso cuidado, habilidade e paciência! O vaso perfeito não fica pronto rapidamente! O processo pode ser doloroso e árduo, no entanto, se houver submissão e despojamento do barro, o resultado será o melhor possível, e segundo o coração do oleiro. O destino final do vaso é armazenar aquilo que o oleiro deseja, ou seja, o oleiro além de nos produzir vê em nós uma finalidade, traça uma meta para nós!
Você deseja que sua vida mude? Que realmente progredir? Submeta-se às mãos de Deus! Despoje-se à vontade d’Ele e espere! O processo de purificação e de fabricação é longo e, na maioria das vezes, cheios de obstáculos e provações. Mas quando há confiança o resultado é sempre inesperado!
Abraço Fraterno
Gabriel Calvi

Vídeo / Poderoso Deus - Tony Allyson

quinta-feira, 3 de maio de 2012

REVOLUÇÃO DO AMOR



Observando o mundo contemporâneo e a misteriosidade das relações humanas, é possível dizer que alguns conceitos caíram na mesmice e no conformismo. Dentre todos os sentimentos “aparentemente” banalizados o AMOR é uns dos que mais me preocupa. Talvez por ser ele a fonte de todo e qualquer sentimento vivido pelo homem, talvez por ser ele a resposta positiva de Deus a humanidade ao reconciliar o mundo pelo sangue derramado de seu Filho Unigênito que veio a nós como manifestação máxima do amor, e que nos mostrou o verdadeiro e intenso significado desse sentimento.

O Amor! Ah sim! Como ele é explorado. Basta se conectar ao mundo virtual e rapidamente milhares de manifestações surgirão. Eu fico intrigado e me pergunto: Até que ponto isso pode ser verdadeiro? Até que ponto é amor? Será que não estamos confundindo os conceitos e rebaixando demais o real significado dessa palavra? Talvez sim! Um amor que nasce do dia para a noite, ou então que nasce de frases prontas e mal acabadas não pode ser considerado um amor verdadeiro! Não aquele mesmo amor que Jesus teve para com todos nós e que na qual emanam todos os outros sentimentos. Não! Se compararmos essas manifestações de amor com o verdadeiro AMOR perceberemos certa discrepância. No entanto, é preciso dizer, a humanidade anseia e busca pelo amor e isso é extremamente bom e importante, pois significa que não desistimos de lutar e de acreditar na revolução que esta palavra pode trazer.

Precisamos de uma nova forma de pensar e de uma nova postura, entendendo que essa revolução só acontecerá quando encontrarmos a fonte do autêntico amor! É ele a grande força salvífica. É a partir dele que o mundo será redimido. Acreditar na revolução do amor é crer em Deus que se revela a nós a partir da face do irmão necessitado e também da singeleza da vida!

Crer na revolução do amor é superar o conformismo de um mundo que tenta incessantemente fazer desse sentimento algo banal e natural. Não! O Amor nunca é banal, ele deve ser sempre uma novidade em nossos CORAÇÕES!

VAMOS JUNTOS FAZER A REVOLUÇÃO DO AMOR! TOPA?
Abraço Fraterno
Gabriel Calvi

Vídeo / Revolução - Lucas Souza

terça-feira, 24 de abril de 2012

PERGUNTAS DE SEMPRE



Por que nós temos a mania de ser tão bobos de vez em quando? 
Será que nunca aprenderemos com o que já experimentamos? 
As mesmas quedas nos assolam... as mesmas expectativas frustradas... as mesmas ilusões... somos muito maleáveis a onda que vai e vem e não tomamos atitude firme para enfrentar tudo isso. 

Precisamos ir descobrindo a força de Deus em nós pra nos ajudar a ter reações diferentes, mais maduras e positivas... não dá pra ficar sempre na mesma como se o mundo não estivesse continuando: a vida não para! 
Somos mais fracos que pensamos, mas mais forte do que acreditamos e em Deus, essa força é aumentada pra que possamos suportar as tempestades e seguir adiante. 


Se caímos, levantemos. 
Se choramos, enxuguemos as lágrimas. 
Se não temos certeza de como continuar, vamos pelo menos tocando em frente. 
Não podemos ser tão dependentes e escravos de algumas situações! 
Vamos vivenciar a Liberdade para a verdadeira Vida que o evangelho nos trouxe. 
Que Deus ajude e ilumine nossos passos.

Por:  Pe. Fábio Mendonça Pascoal
Missionário Redentorista

Vídeo / Ohar para o Alto - Heloisa Rosa

domingo, 15 de abril de 2012

PÁSCOA - Um Deus que passa para ficar!



Eis o tempo da Alegria! Renovam-se as estações no horizonte da nossa Fé. Eis que surge um tempo novo... o sepulcro está vazio. O ALELUIA antes CONTIDO e agora CANTADO vem para nos recordar que "a Ressurreição de Jesus Cristo nos dá coragem para enfrentar tudo que vier" (Bento XVI). Nele, a Vida canta sua vitória sobre a morte, tornando-se para nós a bússola e o compasso que nos orienta nos caminhos do Cristianismo. Movidos pela certeza de que entoaríamos este canto, nos preparamos 40 dias para fazê-lo ecoar na humanidade inteira. Preparamo-nos vivendo um tempo de reformas e construções do nosso coração, pois por ele depois dos 4o dias haveria de ter uma passagem toda especial. A preparação nos recordou que para esta digna passagem nada mais sensato que arrumar e refazer a casa por meio daquilo que é próprio do tempo quaresmal: as orações, jejuns e tantas outras práticas.

Depois deste tempo de deserto, agora é tempo das “flores do Aleluia” se abrirem, pois durante 50 dias em nossa Liturgias, celebraremos a Páscoa, atualizaremos uma fascinante passagem. Falo assim, porque gosto da beleza escondida no universo das palavras, pois se bem explorado, nos sugere explicações simples, mas de muito sentido. A palavra PÁSCOA, por exemplo, tem sua raiz exatamente no hebraico - PESSACH - da festa judaica, que recorda a passagem da escravatura no Egito para a liberdade na Terra prometida. Outra interessante explicação é a sugerida no contexto das celebrações pagãs - a passagem do inverno para a primavera.

No cenário do Cristianismo, à medida que celebramos a PÁSCOA, nossa fé vai compreendendo que ela foi o jeito mais especial e singular de um Deus que resolveu passar por nós e em nós para poder ficar. Penso que não foi por acaso que tendo Cristo Ressuscitado, resolveu passar por dois discípulos em Emaús, e ouve deles: "Fica conosco Senhor!" (Lc 24,29). E o bonito é que realmente Ele fica. Ele sempre fica. Só Ele por meio do Amor, tem essa linda capacidade de passar por nossas dores, nossos sofrimentos e por toda nossa condição humana, para nos revelar que Ele não passa por passar, mas pra ficar. Não passa por nós sem deixar as marcas de sua passagem, os rastros do seu cuidado amoroso. E quando Ele fica "nossos olhos se abrem" (Lc 24,31), e passamos a enxergar a vida inteira com cores de ressurreição. Saboreamos nossa vocação e missão com gosto de ressurreição, com sabor de alegria!

Bem, meu desejo para este tempo a partir dessa partilha é que nos convençamos que quando Ele passa tudo realmente se transforma! Tudo se faz novo, pois, "eis que Ele faz novas todas as coisas " (Ap. 21, 6). Minha prece a Deus, portanto, é que nesta Páscoa, Ele continue passando em nossa história, nossa vida, nossos projetos e sonhos, nossas lutas, nossa vocação e missão, e nos faça contemplar cada realidade a partir dos olhos da Ressurreição! Feliz Páscoa meus irmãos!

Seu irmão,
Jerônimo Lauricio.

sábado, 31 de março de 2012

A Humildade que desce rumo às alturas do Amor!




No processo do Cristianismo amar é dispor de si para o outro, é um exercício que está  atrelado à imitação de Cristo, isto é, em nos assemelharmos à toda sua capacidade de amar sem reservas. Esta imitação, nem sempre é fácil, e só se torna possível à medida que caminhamos sinalizados pela a humildade. Para nos fazer entender esse caminho, tomo emprestado o olhar de um grande santo e doutor da Igreja, São Gregório, que sabiamente nos dizia que a “humildade é uma descida rumo às alturas do Amor.” De fato, é através do movimento destas duas virtudes que o Verbo se revela e visita nossa humanidade, tornando-nos capazes de amar. Capacidade singular que impulsiona o homem o tempo todo a contemplar o horizonte da alteridade no rosto e no coração do seu próximo.

Daqui a alguns dias viveremos a mística do Tríduo Pascal, e ali contemplaremos de perto o ápice da humildade de Jesus no alto do Calvário, Ele que “sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz!” (Fl 2, 8). Antes de segui-Lo por esse caminho redentor, receberemos d’Ele mais uma vez o fascinante chamado: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei – (Jo 13, 34) – este é o caminho sugerido a nós por Jesus ao término do lava- pés. Dei-vos o exemplo, para que como eu vos fiz, também vos o façais. (ibid., 15). “Agir do mesmo jeito”, eis o nosso chamado. Baseando-se não na força de uma ordem, mas em virtude da natureza e impulso do Amor para o qual fomos gerados.

É interessante perceber a riqueza de significados revelada minutos antes de deixar o mandamento do Amor, quando Jesus se inclina aos pés dos seus amigos para lhes lavar os pés. Dentre tantos significados traduzidos naquele cenário, o nosso olhar se prende à sua humildade. Todavia, não no aspecto do serviço, o que seria pertinente refletirmos, mas, a humildade como sinal redentor do seu Amor. Ao inclinar-se para lhes deixar limpos de toda a sujeira, o Bom mestre dirige-se ao “húmus”, à terra que se achava nos pés daqueles a quem tanto amava. Os latinos chamam esse gesto de “humilitas”, isto é, humildade. Com efeito, a expressão “humilde” tem sua raiz no vocábulo latino – “húmiles”- e a imagem de um servo inclinado à terra (húmus), amplia o seu significado. Ali com a humildade que lhe é própria, Cristo ao descer não alcança tão somente os pés daqueles homens, mas também os seus corações, elevando-os ao Seu Amor até o fim!

Queridos irmãos, o exercício do Cristianismo é isso. É um cenário no qual somos chamados o tempo inteiro a protagonizar em nossas relações uma “disposição ao outro”, por  meio da humildade e do Amor. Penso que dessa forma a gente amplia o horizonte de sentido de nossos amores, amizades e encontros... De igual maneira também o horizonte de significado da nossa, vocação, missão e Igreja. Parece trocadilho, mas deste modo, acabamos realmente “descendo às alturas” do coração do outro, tocando aquilo que ele tem de mais belo e encantador: a capacidade de amar e ser amado.

Seu irmão

Jerônimo Lauricio

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

UM OLHAR INTERIOR




Já há algum tempo tenho questionando e observado a nossa capacidade de relacionar-se com o outro. Confesso que fico perplexo com a aparente e decepcionante superficialidade apresentada hoje nas relações interpessoais em geral. As pessoas deixaram de procurar por alguém que as completem e que permitem o enriquecimento de suas vidas, e começaram a buscar outras que pareçam exatamente consigo mesmas. Ou seja, a procura na atualidade é pelo egocentrismo exacerbado e doentio.

A disponibilidade em conhecer o outro interiormente com todas as suas qualidades e dificuldades deu lugar ao culto do corpo e, consequentemente, a exterioridade. Não se nota mais a preocupação com a “alma” do amigo(a), do namorado(a) ou do esposo(a), isso já foi sendo praticamente abolido da sociedade, o que realmente importa é o quão bonito o outro deve ser para que assim eu possa apresentá-lo como um troféu – (Decepção!)

 Convido você, amigo leitor a fazer a diferença, a olhar para o outro como joia rara, olhar como pedra preciosa na certeza de que tudo o que ele possui pode ser compartilhado contigo e pode proporcionar a ti experiência de vida e enriquecimento de alma. Convido você a adentrar no tabernáculo santo que é o coração de um amigo(a), namorado(a) ou esposo(a). É imprescindível sair da superficialidade e descobrir o quanto o outro pode ser importante para mim.

Questiono ainda a fugacidade dos namoros, casamentos e até mesmo das amizades e faço a seguinte pergunta: Será que não procuramos no outro apenas as coisas boas e esquecemos-nos de acolhê-lo em sua totalidade? – este é um grande risco que corremos ao aceitá-lo apenas com suas alegrias e ignorando seus defeitos e fragilidades. É devido a isso que os casamentos mais recentes se dissolvem rapidamente e os namoricos não “sobem a serra”, estamos nos esquecendo da totalidade e buscamos conhecer apenas uma parte do outro, ou seja a melhor – Tudo Errado!

De forma geral o convite feito é de nunca tratar o outro como mero objeto, mas sim, como um ser singular nas mãos do Criador. É preciso aceitá-lo por inteiro, assim como também é preciso existir uma autopercepção das nossas dificuldades e não motivar a loucura de que somos perfeitos. Cultivar um olhar interior pode contribuir para o desenvolvimento de boas relações que nascem da gratuidade e principalmente da sinceridade! Não há algo mais belo do que uma relação entre duas pessoas que reconhecem suas imperfeições e assim criam a disponibilidade de crescerem juntas!


Abraço Fraterno
Gabriel Calvi

Vídeo / Onde está o teu irmão - Padre Fábio de Melo

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A Matemática do Coração de Deus




Fico admirado com a impressionante capacidade que possuímos de nos depararmos com a lógica humana que reclama pra si o tempo inteiro o direito de que as coisas sejam sempre perfeitas, exatas, sem erros e violações. Somos naturalmente inclinados a agir segundo os ditames da razão, e isso é um dado da nossa condição humana, que evidencia a Bondade de Deus ao fertilizar o terreno da nossa frágil humanidade com o dom da Razão.

Quando se trata da razão, fico particularmente fascinado com o universo da Matemática. Nele tudo se revela tão exato. Os cálculos, as fórmulas, as equações são sempre caminhos que levam à exatidão de uma resposta, ao desvelamento de uma incógnita. Hoje a partir deste rico universo quero lhes partilhar irmãos sobre o Amor de Deus, porque parece que Ele possui um Coração Matemático. Ele de um jeito amoroso costuma sempre agir matematicamente em nossa vida, história e vocação... Já me explico!

Certa vez, Jesus querendo traduzir em linguagem humana a Matemática do Amor, nos contou que um agricultor contratou operários para a sua vinha. Realizou aquele contrato com cada um em horários diferentes. Estamos agora diante do cenário da Parábola dos Operários da Vinha. “Ao cair da tarde, aquele vinhateiro disse ao seu feitor: Chama os operários e paga-lhes começando pelos últimos contratados até os primeiros” (Mt 20, 8). Assim feito, os últimos receberam uma moeda, e os primeiros que julgavam receber mais, receberam a mesma quantia que os últimos.

Bem, a história se segue, e os primeiros operários reclamam pra si o mínimo de bom senso por parte do Patrão, dizendo-lhe: “Os últimos só trabalharam uma hora, e deste-lhes tanto como a nós que suportamos o peso do dia e do calor...” Ao que parece se apresenta injusta e desconcertante aquele pagamento do patrão. Podemos até achá-la desconcertante, contudo, não injusta. Desconcerta-nos porque ainda não entendemos que na Matemática de Deus a regra sempre usada é a do Amor com TODOS, e não da justiça com ALGUNS. O Coração de Deus está para a Misericórdia. É bem verdade que caminha pela justa razão, entretanto, não para aí. Vai mais além. Jamais conseguiremos explicar racionalmente a grandeza deste Coração Amoroso que sempre vai ao encontro de todos. É ai que entendemos o que Blaise Pascal, nosso amigo filósofo francês, quis dizer ao afirmar que “o coração tem razões que a própria Razão desconhece”. De fato, o coração de Deus tem a sua Sabedoria, tem a sua Matemática, as suas razões.

Não sem razão é que em Deus, “os últimos são os primeiros, e os primeiros se tornam os últimos” (Mt 20, 16). Infelizmente o nosso coração ainda não bate no compasso dessa lógica, porque pouco entendemos dessa Regra. Certamente deve ser por isso que desde tão cedo rezamos entre nós: “Coração de Jesus, fazei o nosso Coração semelhante ao Vosso”. Sem saber, estamos pedindo a Ele a graça de finalmente aprendermos a calcular nossas relações, nossa missão, o sentido da nossa existência a partir da beleza escondida na Matemática do Seu Coração! Que sejamos bons alunos dessa escola, todo dia é tempo de aprender um pouco mais! Deus abençoe!

Seu irmão,
Grato, Jerônimo Lauricio.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

IMAGINE UM MUNDO SEM FÉ


*Pe. Zezinho SCJ


Um famoso beatle, John Lennon, na sua canção Imagine, pediu que seus ouvintes tentassem imaginar um mundo como ele imaginava. Sem céu acima e sem inferno abaixo de nós, um mundo que finalmente conseguiu viver a vida de verdade, na fraternidade humana sem religião.

E a canção prosseguia: “você pode dizer que sou um sonhador, mas eu não sou o único, um dia nós vamos ser uma só realidade.”

Muitos cristãos cantaram esta canção do John Lennon que propunha o fim das religiões, o fim do conceito de céu e o fim do conceito de inferno. Que propunha uma visão materialista e rateia da vida. O famoso beatle estava no seu direito de propor um tipo de mundo, como ele imaginava. Como nós estamos, famosos ou não, no nosso direito de propor um mundo como nós imaginamos.

Não sendo tão famosos, não tendo tanta mídia à nossa disposição, mesmo assim, podemos propor ao mundo religiões mais tolerantes e fraternas, ateísmos mais tolerantes e fraternos; um conceito menos mágico de céu e de inferno e uma fraternidade humana com religião, mas com religião inteligente, sem fanatismo. Da mesma forma que desejamos ateus não fanáticos ao nosso redor.

A triste verdade é que religiosos mataram, movidos pelo fanatismo: luz demais. E ateus também mataram, movidos pelo fanatismo, razão demais. Entre a revolução francesa que sacrificou milhares de cidadãos, as revoluções comunistas, que massacraram e puseram no cárcere milhares de compatriotas, as revoluções de cunho religioso no Irã, na Irlanda e entre os católicos e evangélicos de séculos atrás, podemos e devemos escolher um caminho mais sensato.

Houve comunistas e marxistas que não concordavam com crimes e assassinatos e religiosos que não concordavam com a violência em nome da fé. Foi, é e sempre será triste saber que em nome da razão movimentos políticos e ateus perderam o juízo. E que em nome da fé movimentos religiosos e crentes também o perderam.

Imagine não com John Lennon, mas com milhões de outros, um mundo em que as pessoas, crendo ou não crendo em Deus, no céu e no inferno, conseguem ser fraternas, com religiosos e ateus sentados à mesma mesa. Imagine-os respeitosamente a colocar cada qual diante do outro as suas convicções, sem um oprimir o outro.

Você vai dizer que sou um sonhador, mas se John Lennon tinha esse direito, eu também tenho. Pena que não sou tão famoso como ele, porque, assim, mais gente me ouviria. Mas, agora que ele já está na outra vida e foi vítima do fanatismo de seu assassino é bem possível que ele saiba mais do que eu. Se não existe outra vida, nem céu e nem inferno e nenhum mal abaixo de nós, então ele acabou. Se existe, é bem provável que ele já saiba que o diálogo e a tolerância continuam a ser as melhores coisas que se possa desejar para o ser humano.

FONTE: http://www.padrezezinhoscj.com

Vídeo / Imagine - John Lenon

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

“Não tenhas medo. Basta ter fé!”




“(...) Ele estava ainda falando, quando chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga, e disseram a Jairo: “Tua filha morreu! Por que ainda incomodas o mestre?”Jesus ouviu a notícia e disse ao chefe da sinagoga: ‘Não tenhas medo. Basta ter fé!’ (...)” (Mc 5,35-36)

Meditando o evangelho uma pergunta ressoa em nosso coração – até que ponto pode o medo ofuscar a nossa fé? Encontramos na sociedade milhares de pessoas passando por fracassos e desilusões, e isso acarreta a proliferação de diversas fobias. As pessoas estão desenvolvendo medo para a luta, estão produzindo em si os frutos da falta de esperança e não é por pouco. Em um mundo onde o consumismo impera como “deus” as pessoas se esqueceram do VERDADEIRO DEUS, e mais que isso, esqueceram-se que n’Ele está o nosso refúgio e por isso sentem medo de forma exacerbada.

Eu acredito no evangelho! Eu acredito que se a humanidade desejar, pode mudar e construir um mundo novo. Eu acredito em VOCÊ caro leitor, acredito que se você quiser, se desejar ardentemente pode destruir o medo e impedir que ele seja maior que sua fé. Novamente volto à meditação do evangelho e pergunto: Se estivéssemos no lugar de Jairo teríamos perdido a esperança? Se fossemos nós os protagonistas da passagem, teríamos perdido a esperança? Acredito piamente que a resposta de muitos seria afirmativa. Entretanto, lanço novamente a pergunta acrescentando algo novo: Se estivéssemos no lugar de Jairo, teríamos perdido as esperanças mesmo estando na presença de Jesus? Pode ser que para responder a esta pergunta encontremos certo incomodo, isso porque somos despertados a pensar sobre como vai a nossa Fé e nos provoca para uma mudança de atitude.

Caro amigo, percebe como nossa fé é ainda abalável? Consegue perceber como ainda esmorecemos facilmente diante dos obstáculos e das provações que a vida nos impõe? Nós esquecemos que JESUS CRISTO está conosco, não apenas nas dificuldades, mas em todos os momentos! Esquecemos que Ele é o SENHOR da VIDA! Ele venceu a morte e absolutamente nada, nenhum obstáculo ou situação pode nos desvencilhar. É curioso entender como nossa Fé é indestrutível nos momentos bons. Contudo, basta uma dificuldade e pronto, tudo vai por água abaixo!

Jesus está conosco. E para crer nisso é preciso controlar o nosso medo e deixar que a nossa Fé ande livre pelo nosso coração e pelo nosso entendimento. Assim como Jairo é preciso crer que Jesus pode mudar a situação, Jesus pode fazer com que a morte, se torne vida. É isso que Jesus deseja de nós, deseja de mim e de VOCÊ! Nos momentos difíceis, quando o medo tentar nos dominar, lembremos-nos de JESUS RESSUSCITADO, e assim teremos a certeza que NADA, absolutamente nada pode nos derrotar! Então ‘Não tenhas medo. Basta ter fé!’

Desejo ardentemente que Cristo seja nossa força, e que o AMOR que emana d’Ele cure todo o medo do nosso coração! Peçamos a graça de não sentir medo!

Abraço Fraterno
Gabriel Calvi

Vídeo / Dizem - Trazendo a Arca

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

PORTA FIDEI - A PORTA DA FÉ




Um novo tempo se abre diante dos nossos olhos. É tempo de entrar pela Porta aberta pelo Bom Mestre. Estamos vivendo o Ano da Fé, que iniciará em 11 de outubro de 2012, e terminará em 24 de novembro de 2013, Solenidade de Cristo Rei do Universo. "Será um momento de graça e de empenho para uma sempre mais plena conversão a Deus, para reforçar a nossa fé n'Ele e para anunciá-Lo com alegria ao homem do nosso tempo", diz o Santo Padre, o Papa Bento XVI na Carta Apostólica Porta Fidei - A porta da Fé.

Irmãos, tenho aprendido que é sempre bom explorarmos o universo das palavras para bem compreendermos tudo o que elas carregam em seu interior. Ao me deparar com a palavra virtude, por exemplo, logo me encontro com a expressão latina “virtus“, que significa a força, a capacidade. Quando tomamos estes significados e os mergulhamos na virtude da fé, logo entendemos o porquê de uma Carta Apostólica tão bela para o nosso tempo!

A respeito da virtude teologal ou dom da fé, não são poucos os tratados teológicos e filosóficos que tentam explorar do seu universo. Mas um caminho tão cheio de beleza e sugerido pelo nosso Papa é aquela que o Apóstolo Paulo nos recorda em sua carta aos Hebreus: “A fé é um modo de já possuir aquilo que se espera, isto é, de está firme na esperança e conhecer realidades que não se vêem” (Hb 11, 1). Para os gregos ter fé é crer, confiar, portanto, construir uma relação confiante. Por outro lado, a palavra hebraica para “crer” significa “está firme” com segurança e solidez. Neste sentido, no Profeta Isaías lemos: “Se não crerdes, não vos firmareis, não permanecereis” (Is 7, 9). Aqui então encontramos um detalhe rico de que a Carta aos Hebreus retomou o conceito judaico de fé e combinou com a noção grega. E isto é interessante porque o homem virtuoso na fé, traz em si, portanto a força e capacidade de ver além. Está firme numa realidade que não vê, mas na qual crê. Ele olha a semente e encontra nela a condição de árvore que ela traz em si.

Uma noção semelhante de fé encontramos no Evangelho de João. Para ele ter fé é a maneira bem determinada de ver a realidade. Quem crê, vê atrás do véu, para além das coisas. Seu olhar penetra além das aparências. Levanta o véu que cobre tudo. A fé o remete para outra realidade, à riqueza interna da alma, que na sua essência alcança o que está em Deus. Por isso que toda a nossa vida, precisa passar pela porta da fé, pois é ela que nos permite tocar o céu. E como bem disse o Santo Padre: "a PORTA DA FÉ, que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta para nós. É possível cruzar este limiar, quando a Palavra de Deus é anunciada e o coração se deixa plasmar pela graça que transforma". Entremos irmãos por essa porta de salvação, pois o Cristo que nos chama e espera nos diz tão somente: “Conheço as tuas obras: eu pus diante de ti uma porta aberta, que ninguém pode fechar; porque, apesar de tua fraqueza, guardaste a minha palavra e não renegaste o meu nome” (Ap 3,8).


Seu irmão, Jerônimo Lauricio.

Vídeo / Iluminar - Padre Fábio de Melo

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

UM CORAÇÃO DISPONÍVEL AO AMOR

“(...) Jesus, então, olhou ao seu redor, cheio de ira e tristeza, porque eram duros de coração (...)” (Mc 3,5)

O que ocasiona a dureza de coração? O que torna um coração amargurado? Uma das respostas para essa pergunta pode ser a seguinte; um coração de pedra é produto de uma série de derrotas, de decepções. Um coração de pedra pode nunca ter aprendido o que é amar, ou nunca devem ter lhe ensinado o que é o amor. No entanto, uma coisa é certa – coração de pedra é tudo o que nós não precisamos.

Analisando o evangelho de Marcos (3,1-6), podemos constatar que um coração endurecido não é capaz de presenciar o amor de Deus, pois não há espaço para Deus onde o Ego triunfa. Mais profundamente, um coração de pedra é incapaz de amar, incapaz de ser afetado pelo carinho do próximo, incapaz até de perdoar. Os fariseus manifestaram exatamente isso, foram irredutíveis com Jesus, não se importaram se Ele realizaria um milagre ou não. Fecharam-se em seus egoísmos, tornaram-se “deuses” de si mesmos e pretendiam incriminar Jesus. Por que tudo isso? Infelizmente os fariseus não estavam com os corações abertos para perceber a manifestação messiânica de Jesus, não se importaram em analisar Jesus com calma, minuciosamente. Munidos de hipocrisia apenas o julgaram, e de forma injusta, com o único intuito de matá-lo.

Amigos, corremos o risco de ter a mesma atitude farisaica. Para que isso não ocorra necessitamos procurar à Deus, necessitamos da graça de um coração de carne que não seja orgulhoso, arrogante ou egoísta. Ao contrário, precisamos de um coração que saiba se reconhecer dependente de Deus, que tenha a humildade para amar e para pedir perdão! E para ter um coração nessas configurações é preciso manifestar o desejo de mudança, e a partir dessa chave poderosa, abrir-se inteiramente ao Senhor da Vida!

Reze comigo: Deus Pai de bondade venho hoje te entregar meu coração, lembrando que Tu me deste o teu quando morreu por mim naquela Cruz. Cura-me Jesus! Liberta o meu coração de todo egoísmo, inveja, ciúmes, vaidade, falta de perdão e de todas as trevas do pecado. Eu me decido, QUERO TE ENTREGAR MEU CORAÇÃO, e tenho a CERTEZA de que Ele se transformará pelo teu amor em um coração de carne! Amém!

"Não julgo segundo os critérios do homem: o homem vê as aparências, mas o Senhor olha o coração” (1Sm 16,7b)

(Se você necessita de um coração de carne, pode rezar todos os dias essa oração) – (Há quanto tempo você não se confessa? – Que tal começar a transformação pelo Sacramento da Confissão? – Fica a Dia!)

Abraço Fraterno
Gabriel Calvi



Vídeo / Coração Igual ao Teu - Ana Paula Valadão

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

2012 - Ano de caminhar sob os passos da autoridade do Amor!



Nestes primeiros dias do ano, permitam lhes partilhar irmãos, o quanto cada vez mais tenho me convencido que nossos gestos precisam estar o tempo inteiro envolvidos no Amor Redentor de Jesus. Me explico: Redenção é aquela bonita experiência que podemos fazer de sermos retirados de um lugar ou posição inferior e sermos colocados num lugar e/ou posição nobres. A partir do horizonte do Cristianismo, é como sermos levados da condição de “Adão” à condição do “Cristo”, onde sua autoridade amorosa nos tira da miséria do pecado e nos leva à Redenção.

E por que autoridade amorosa? Autoridade vem do latim – AUGERE – e significa aumentar, elevar, fazer crescer. Diferentemente do que sabemos, a autoridade verdadeira não reclama para si uma posição ou estado de superioridade face ao outro. Ao contrário, quando enraizada no Amor, ela revela em sua essência a certeza de que quem faz uso dela, para acreditar em sua própria grandeza não precisa rebaixar o outro, mas de outro modo elevá-lo, fazê-lo crescer…. É isso que a autoridade de Cristo faz com a nossa condição humana. Nos retira do “solo adâmico”, lava nossos pés (Jo 13, 4-5), e nos faz experimentar o seu Amor Redentor.

É interessante que esta autoridade de Jesus incomoda os fariseus e escribas do seu tempo, pois, “com efeito, Ele ensinava como quem tinha autoridade e não como eles, os escribas” (Mt 7, 28-29). É tão bonito como Jesus olha para cada um dos que Ele encontra em seu caminho, lhes devolvendo a condição de homem novo e de mulher nova, que foi subtraída pela miséria do pecado. São tantas curas, tantos encontros, tantas devoluções… Jesus quando viu por exemplo a Maria Madalena, Ele fez com que aquela mulher voltasse a ver aquilo que ela era, não uma prostituta, mas uma filha de Deus criada por Ele, e não aquilo que o pecado a tornou (Jo 8, 1-11).

Outros encontros amorosos são o de Jesus com Zaqueu (Lc 19, 1-9); a cura do cego de Jericó (Lc 18, 35-43); a escolha dos Apóstolos (Mt 10, 1-8)… Bem, o que não falta é ocasião e terreno para Jesus cultivar as sementes desta autoridade que ama e salva. O tempo inteiro como discípulos a gente corre o risco de não saber cultivar destas sementes, muito embora o Bom Mestre tenha nos ensinado. A gente corre o risco até de oscilar no comportamento daqueles fariseus que se dirigiam a Jesus perguntando-lhe: “Dize-nos com que direito fazes essas coisas, ou quem te deu essa autoridade?” (Lc 20, 2). A propósito, diante desta pergunta, não é de estranhar que Jesus tenha se recusado a lhes responder (Lc 20, 8). A grandeza destes gestos está velada no Amor, e só quem ama é capaz de percebê-los e exercitá-los. Os fariseus certamente tinham alguma dificuldade, porque se calçavam o tempo inteiro em uma falsa autoridade enraizada no homem velho. E aqui permitam-me ir um pouquinho mais na gênesis daquela pergunta: ao que parece, aqueles escribas agem assim porque desprezam ou desconhecem o verdadeiro sentido de homem que é recordado na autoridade amorosa de Jesus. E aqui penso que é interessante saber que a palavra grega para homem é ANTHROPOS e vem de ANATRAPEIN, significando pois, “reerguer alguma coisa” , trazê-la para cima. Curioso é que a Biologia e sua Lei da Evolução nos sugere esta mesma explicação quando fala da gênesis do homem: caminhávamos, segundo ela cabisbaixos, encurvados, e aos poucos nos tornamos eretos. (Bem, isso não entra no mérito da nossa partilha... citei a título de curiosidade). De qualquer modo, penso que este detalhe nos permite entender o que Jesus em sua Autoridade nos faz quando nos encontramos encurvados pelo peso do pecado e de toda miséria humana: o seu Amor nos faz homens e mulheres novos, reerguidos, voltados para o alto!

Uma última palavra agora é sobre o ”direito” reclamado por aqueles fariseus a Jesus. Ele é tão simples e redentor quanto a Autoridade. Veja bem: a raiz da palavra direito é a mesma do verbo latino “REGERE” , isto é, conduzir, endireitar, reger… Quando nos encontramos com Jesus, o seu Amor nos eleva e nos conduz por caminhos antes nunca percorridos. E o bonito é que depois de elevados e conduzidos nossa missão é endireitar o caminho de outros e também fazê-los crescer, para que se cumpra o desejo de Jesus quando nos diz: “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, pois, e ensinai a todas as nações;batiza-ias em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo. Ensina-os a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias até fim” (Mt 28, 18-20). Assim sendo meus queridos, queiramos ao longo deste novo ano caminhar sob à Autoridade do Amor, para que através dela conduzamos e ergamos todos quantos o Senhor nos permitir encontrar. Ah… não nos preocupemos como e o que faremos, só queiramos fazer! Abramo-nos à Graça e o milagre da missão acontecerá. Em gestos simples como um sorriso, uma palavra, um afeto, uma acolhida, uma oração, uma escuta, um silêncio, ainda que pequenos, quando feitos amorosamente realizam GRANDES coisas! Um Ano de Graça e Amor a todos!

Seu irmão,
Jerônimo Lauricio.