Um novo
tempo se descortina no cenário da Igreja nestes dias – o Advento. Quando paramos para pensar um pouco a respeito do ADVENTO, logo
percebemos a riqueza desse tempo litúrgico. Aliás, também percebemos que na sua
espiritualidade e mística este é um tempo de esperança porque Cristo é a nossa
esperança como sugere o Apóstolo Paulo em sua primeira carta a Timóteo;
esperança na renovação de todas as coisas, na libertação das nossas misérias,
pecados, fraquezas, esperança que nos forma na paciência diante das
dificuldades e tribulações da vida, diante das perseguições, etc.
Advento
tem sua raiz etimológica no latim ad-venio, que significa chegar.
Por isso, enquanto se espera a chegada de alguém se toma a atitude de atenção,
se fica de prontidão. Mas a quem ou o que estamos aguardando? Atualizamos a
nossa espera no Menino Deus que está sendo gestado no seio da condição humana,
que vai nascer no solo de nossos corações e irá nos trazer a salvação.
Aguardamos no desejo incontido de ver as estradas se transformando, aos poucos,
em chegadas revestidas de alegrias, por meio do nascimento do amor – o Verbo
Encarnado. Neste processo de espera somos levados à certeza de que nenhuma passagem
pode ser sem esforço. É no muito esperar que alcançamos o outro lado do rio, o
outro lado da margem, e para tanto é preciso ser sustentados pela âncora da
espera e guiados pela bússola da esperança se quisermos fazer tal percurso.
Gosto
sempre de pensar também que o Advento embora signifique a espera n’Aquele que
vem, é também recordação de sua chegada, isto é, sua presença já começada. Já
me explico: A teologia do Advento significa também a presença começada do
próprio Deus. Por isso, ela nos recorda duas coisas: primeiro, que a presença
de Deus no mundo já começou, e que Ele já está presente de uma maneira oculta
tal como o fruto está velado na semente; em segundo lugar, que essa presença de
Deus acaba de começar, ainda que não seja total, e está em processo de
crescimento e amadurecimento nos solos dos corações, como também acontece com
os frutos ao traduzirem seus primeiros sinais de presença no seio da terra. E
aqui o interessante é que singular processo se dá com o Menino Deus, porque sua
presença já começou, e somos nós, os que abraçamos o Cristianismo que devemos
fazê-lo crescer no mundo ao regarmos a semente dessa presença com a água da ESPERANÇA.
Talvez
você já tenha percebido também que o segredo de uma boa colheita está no
cultivo e na espera. O cultivo por vezes traduz com beleza o fruto que está por
vir. E a espera é a concretude de que o fruto que está para chegar de algum
modo nos trará algo novo, algo que nos faça contemplar a vida com outras cores
e experimentá-la com outros sabores. Advento, portanto, é isso. É tempo de
espiritualidade que nos favorece nutrir o cultivo da fé e da esperança no
Cristo que nasce em cada coração humano no Natal que sucede a essa espera.
Advento, portanto, é também Sacramento, isto é sinal da Esperança. “Spe
Salvi facti sumus“ - pois, é na esperança que fomos salvos (Rm 8,24).
Que nosso Advento, seja, pois uma oportunidade fecunda de dar sentido a essa
esperança n’Aquele que nos redimiu quando veio nos visitar e resolveu fazer
morada em nosso coração.
Seu irmão,
Jerônimo Lauricio
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